Perdi Sentidos
Desafogo. Foi quando demoli o decorrido, amansei tormentos e fugi para a trégua, nem sei dizer se travesti o receio da solidão em remansos. É boa a indagação, assim súbito, nem sei por onde começar, se origem existe posso tê-la confundido com o ocaso. De agora, deslizando em claridades, lembro de escalar um abismo. Lá embaixo? Procuro esquecer, as madrugadas ainda me contam com certidão autoritária. Não, nunca acordo em pensamentos, eles sim, roubam-me sonhos, sou eu a incomodá-los em noturnas expedições. Pois, um breu de impaciências, ansiedades furtadas, implicância com a sensação de não ser mais que uma espera de nada. Tem razão, difícil contar lugares cegos, nem sei por que falamos disso. Quando me percebi em subidas já me libertava da veste gorda, as fantasias de enfeites confundi comigo. Não, não, precisei despir-me daquilo, eram anomias ingênuas, ademais pesavam. Posso ter chorado toda minhas tristezas, ruminando o segredo de nascerem em gota única, surrupiada ao medo de tê-la. Somos nós a aguar os caminhos, salpicá-la aos bocados, como se assim feríssemos desejos, por sempre amiúde. Preferi o gozo intenso em uma lágrima gigante, a ver se me libertavam as escolhas. Alaguei-me de coisa alguma.
Radical? Pode ser. A sensação do vazio é um incomodo que não chega, espreita-nos duvidoso, um bote sem pouso. Nem a porta fechei. Quando me vi em espaços perdi noções, deambulei em instintos sonâmbulos. Custei olhares a ver em distância o silêncio do sofrimento em fato passageiro e dessabido. Então é isto, injustiça com o tempo, descumpri ordens e gostei as tristuras no momento antes, nem vi. Gastei tempo sim, o desconfio da perda de sentidos tardou, ainda tinha os dedos agarrados à beira quando percebi a corda que puxaria emoções. Não as resgatei, ou se fiz pingaram mudas, secas, inebriadas de fim. Rastejei em sumiço de flores, sorri para a ruína de amores, ainda escorriam em gosma pela face destruída, deitei em alívios, as mãos ainda sangravam quando decidi. Não me guarda a certeza, penso agora enquanto você me olha em mistério. Canta-me a ausência, esta te conto.
Só, como cinge a ilusão. Outro rosto pressenti no escuro, desbotado. Toquei um corpo em escalada, trancei mesuras. Você. Te queria, me salvava, saltava dúvidas. Tramei retornos, te resgatar, você falhava alforrias, te misturei com os abusos. Acho que comentei das alegrias perdidas, um som caído em lonjuras. Agora desaparecem lembranças e você me sequestra em interrogações, me respondo em avença enganosa. Estou bem aqui. Não quero mais que permite a apatia. Passei por aí quando morava em paixões, namorava aflições. Brilhava-me o espanto da coragem. Não, covarde não sou. O acanho das mazelas, das algazarras, me perdi em calmarias, esconderam-se todos. Afora você nada vejo. Nem você como deveria, se me pergunta injustiças. Inventaram-me em emoções. Secaram-me e mesmo assim nasci. Parece que foi isso. Sinto muito.